A TORÁ DO IMPERADOR E AS TORÁS DA SÍRIA


Na foto acima, Youssef Jajati, um dos líderes da Sinagoga Jobar, em Damasco, mostra uma das Torás desaparecidas durante a guerra civil síria. Na foto, de 21/01/2000, pode-se ver que a Torá estava acondicionada num recipiente de prata macissa sendo que ambos os objetos têm um valor incalculável.

A TORÁ DO IMPERADOR

Durante dois longos dias a comunidade judaica brasileira permaneceu apreensiva diante da possibilidade de uma Torá iemenita, provavelmente do Século XIII, ter sido destruída pelo fogo que consumiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro.

Um dia após o incêndio, NOTÍCIAS DE SIÃO tomou conhecimento, através de duas fontes seguras, de que a Torá estava a salvo. Mas, foi apenas no terceiro dia que a notícia se confirmou.

Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, a Torá pertenceu anteriormente ao imperador D. Pedro II.

Na época do tombamento, o museu estava sob responsabilidade da Dra. Janira Martins Costa, filha de militar, que entrou para a Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1974, como Professora Assistente de Zoologia e em 1994 foi eleita diretora do Museu Nacional.

Segundo a arqueóloga Rhoneds Aldora Rodrigues Perez, que em 1998 respondia pelo Departamento de Antropologia, o pedido de tombamento foi feito em decorrência da importância do manuscrito.

Na oportunidade, Rhoneds Aldora ressaltou que Dom Pedro II era um estudioso do hebraico e a antiguidade da Torá por ele adquirida surpreendeu os pesquisadores, que viram imediatamente a necessidade de preservá-lo.

Pesquisas mostraram que a Torá foi confeccionada no Iêmen, por volta do século 13 e àquela altura, novembro de 1998, encontrava-se marcada por fungos e orifícios originados por um ataque de microorganismos.

Restaurada, a Torá permaneceu no Museu por mais 20 anos.

Com a chegada de Lula da Silva ao poder, o museu passou para o domínio de profissionais alinhados ao governo, sendo que por ocasião do incêndio o museu era dirigido pelo paleontólogo teuto-brasileiro Alexander Wilhelm Armin Kellner.

Precisando de nova restauração, a Torá foi trasladada do Museu Nacional, que ficava na Quinta da Boa Vista, para a Biblioteca da Universidade, situada no Horto Florestal. Esta ação acabou por salvar o precioso manuscrito sagrado.

AS TORÁS DA SÍRIA


Na foto acima, uma das Torás sírias desaparecidas

Enquanto isso, do outro lado do mundo, a comunidade judaica da Síria é quem está apreensiva. Diversas Torás acabaram desaparecendo nos últimos anos e pouco se sabe do seu paradeiro. Pelo menos publicamente.

Diante da guerra civil que se instalou na região, por volta do ano de 2013, diversos artefatos judaicos foram apropriados por grupos rebeldes e deles hoje pouco se sabe. Há suspeitas de que alguns se encontrem na Turquia.

Diversos objetos valiosos, inclusive algumas Torás da Sinagoga Jobar, no subúrbio de Ghouta, em Damasco, uma das sinagogas mais antigas do mundo, desapareceram em meio ao tumulto da guerra civil.

E não foram apenas as Torás, muitas delas escritas em couro de gazela, mas também tapeçarias e lustres, foram levadas pela brigada de Failaq al-Rahman, de inspiração islâmica, quando os rebeldes entregaram o bairro às forças do governo no início de 2013.

Líderes da Failaq al-Rahman afirmaram posteriormente que não se encontravam mais de posse das obras sagradas alegando desconhecer o seu paradeiro.

O paradeiro dos itens confiados à Failaq al-Rahman é incerto, embora al-Dimashqi e o Observatório Sírio para Direitos Humanos da Grã-Bretanha, afirmem que algumas das peças se encontram na Turquia.

A imprensa estatal turca informou que as autoridades haviam detido cinco pessoas no noroeste do país que ofereciam duas Torás antigas por 8 milhões de liras turcas, cerca de 1,7 milhão de dólares ou 6,9 milhões de reais.

O roubo de antiguidades é algo comum tanto na Síria quanto em outros países do Oriente Médio, sendo que Israel é uma exceção. Na Terra Santa, o controle está entregue à Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), que é uma entidade independente, sem controle das autoridades governamentais e dirigida por cientistas. A IAA é responsável por fazer cumprir uma rígida lei que rege a preservação das antiguidades e que está em vigor desde 1978.

ANDS | TOI | FSP

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