MITZVOT

NÃO DARÁS NOTÍCIA ENGANOSA

A notícia da proibição da venda de terras judaicas a não judeus está atiçando os sentimentos anti-sionistas dos inimigos de Israel. Nesta quarta-feira, 8, rabinos-chefes de cerca de 50 cidades de Israel endossaram decreto religioso que proíbe a venda de imóveis a não judeus. A reação dos líderes árabes foi imediata: os judeus receberam fortes críticas e acusações de racismo.

A Folha de S. Paulo, na sua edição eletrônica, afirma que “o endosso dos religiosos dá força a um movimento iniciado no mês passado em Tsfat, quando rabinos da cidade emitiram uma ordem semelhante”. O decreto baseia-se em tradições rabínicas que, por sua vez, são fundamentadas em preceitos bíblicos.

Os rabinos signatários lançam mão de uma das Mitzvot Taaseh, ou “Mandamentos Negativos” para construírem seus argumentos. A Mitzvah (“Mandamento” no singular) 227 aconselha o judeu a “não vender suas propriedades em Israel perpetuamente”.

É bom ter em vista que estes decretos religiosos não têm força de lei em Israel. Trata-se apenas de recomendações que são, normalmente, obedecidas apenas pelos religiosos ortodoxos.

ORTODOXIA JUDAICA

Nas baladas de Tel Aviv, jovens tatuados são bastante comuns: Mitzvah desprezado.

Só para se ter uma idéia, veja alguns dos outros 365 Mitzvot Taaseh (MT) que pouca influência tem na moderna sociedade israelense.

A Mitzvah 41 proíbe os judeus de “fazer qualquer marca sobre seu corpo”. Ora, não é difícil encontrar – principalmente pelas ruas de Tel Aviv – jovens tatuados que ao mesmo tempo usam kipá.

Em relação ao campo, existem diversas Mitzvot Taaseh que, do ponto de vista ecológico, fazem de Israel um exemplo. Tanto no cuidado com o meio ambiente como na prática de uma agricultura sustentável. Como no caso da Mitzvah 57, que aconselha a não “destruir árvores frutíferas durante a colheita”, uma prática judaica milenar que é hoje aplicada por agricultores responsáveis do mundo todo.

Entretanto, há Mitzvot agrícolas de difícil observação para um Estado que, embora encravado num polígono seco, tem uma das mais avançadas tecnologias agrícolas do mundo. Produtores rurais israelenses fazem concessões que, muitas vezes, contrariam Mitzvot como as 221 e a 224, que proíbem a “poda das árvores no sétimo ano”, e a “não cultivação do solo no Ano do Jubileu”.

Algumas das Mitzvot Taaseh chegam quase a obrigar os judeus a cumpri-las. Trabalhar no Sábado, por exemplo, é bastante complicado. Uma vez que parte considerável da nação simplesmente pára nos Shabatot em cumprimento da Mitzvah 320, o jeito é parar também.

Comer alimentos fermentados durante o Pessach, a MT 197, também é complicado. Principalmente os frescos. As padarias fecham e os supermercados cobrem as prateleiras onde produtos feitos com o uso de fermento estão dispostos. Mas, nada impede que um judeu compre com antecedência seus alimentos fermentados e os mantenham em casa. E muitos fazem isso. Garanto-lhes.

Gôndola de supermercado em Modiin com o cartaz dizendo FERMENTO. POR FAVOR, NÃO TOQUE. No oito dias do Pessach, os estabelecimentos comerciais não vendem nenhum alimento que use fermento em sua preparação.

Quem caminha pelas ruas de qualquer cidade israelense vai se deparar com práticas ocidentais, desde os incontáveis quiosques de loteria até os grupos de judeus, devidamente adereçados com suas kipot, assistindo o Hapoel Tel Aviv a perder para o Maccabi Haifa (perdoem minha aberta torcida pelo alviverde de Haifa). E isso viola a MT 30 que proíbe os judeus de “adotarem hábitos e costumes dos incrédulos”.

Torcida do Maccabi Haifa: A sociedade israelense é predominantemente ocidentalizada.

ORTODOXIA PALESTINA

Uma vez colocadas estas explicações, voltemos à polêmica “proibição” da venda de propriedades aos não judeus. O “decreto” é informal, não tendo o peso de lei. Claro que numa sociedade fortemente marcada pelo espírito religioso, ir contra as práticas ortodoxas pode gerar, no mínimo, um desconforto social. Nada mais que isso. O judeu que vender um apartamento a um gentio, no máximo vai ser visto de esguelha pelos religiosos. E milhares de judeus estão pouco se importando com o que pensam deles os religiosos.

Aliás, as próprias autoridades israelenses foram rápidas na resposta à nota rabínica. Segundo a Folha de S. Paulo, o presidente Shimon Peres reagiu num tom de condenação raramente usado por políticos em Israel contra autoridades religiosas: “O anúncio abre uma crise moral fundamental no Estado de Israel”, disse Peres. “Toca na essência e no conteúdo do Estado como Estado judeu e democrático”. Já o premiê Binyamin Netanyahu também não poupou críticas ao anúncio e garantiu que Israel “rejeita totalmente” o decreto religioso.

Enquanto isso, no lado autodenominado palestino (sic), a história é bem diferente. O palestino que ousar vender uma propriedade a um judeu será morto! E a pena de morte não é uma retórica islâmica, mas sim uma Lei da Autoridade Nacional Palestina – ANP.

E qual foi a repercussão na Mídia quando a ANP tornou pública esta lei? Nenhuma! Mas, apressaram-se a dar voz aos “oprimidos palestinos” por mais esta “barbárie sionista”. Imediatamente abriram microfones e redações a pessoas como Ahmed Tibi, um dos mais ativos deputados árabes no Parlamento Israelense que chamou os rabinos de “skinheads”.

“Tenho certeza de que o número de rabinos vai crescer”, afirmou Ahmed Tibi. “Uma vez que os árabes são um povo semita, isso é anti-semitismo. Esses rabinos são skinheads agindo contra os árabes”, concluiu o Parlamentar Árabe que, democraticamente, faz parte do Parlamento Israelense!

Não nos surpreendemos mais com a forma parcial com que a Mídia cobre as notícias de Sião. Aliás, a cobertura jornalística dos acontecimentos no Oriente Médio não passaria pelo crivo das Mitzvot Taaseh. Isso porque as Mitzvot 299 e 301 condenam, respectivamente, a “não dar notícia enganosa” nem “levar mentiras” para outrem.

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