TRADIÇÃO BÍBLICA

O APANHADOR NO CAMPO DE MORANGOS
Ou, mais uma coisa que talvez você não saiba sobre Israel.

Rute, a moabita, se foi, chegou ao campo e apanhava após os segadores. (cf Rute 2:3)

ISRAEL, UM PAÍS NORMAL, MAS DIFERENTE.

Israel e os Judeus têm defeitos? Evidentemente, afinal de contas Israel é uma nação secular e seu povo, como todos os seres humanos, está sujeito a errar. E tem mais: embora a Constituição Moral de Israel seja a Torah, o Estado de Israel não é uma Teocracia.

Como Estado secular, Israel está sujeito às mesmas mazelas dos cidadãos de outros países seculares. Agora mesmo a população acompanha, envergonhada, um escândalo de corrupção envolvendo um ex-primeiro-ministro que teria recebido propina para autorizar a construção de um condomínio de luxo em Jerusalém. Ou seja, Israel não é um país imune aos deslizes humanos.

Mas, se comparado aos seus inimigos, Israel é um exemplo inigualável. Não só para o Oriente Médio, mas também para diversas outras nações do mundo.

E o Estado de Israel têm posturas democráticas que faria corar de vergonha a maioria dos países que o critica.

O Irã, por exemplo, é um país moderno, com Constituição moderna, mas está sob domínio de religiosos com mentalidade medieval. No Irã as Leis do Alcorão estão acima da Constituição, os Presidentes são subordinados aos Aiatolás e mesmo entre estes existe um Líder Supremo a ditar as regras.

E não vou começar a falar de outras Teocracias Islâmicas, pois teria que descrever tantas atrocidades que este tópico fugiria do seu objetivo. Fiel aos propósitos do BLOG – que é falar de coisas e fatos que a Mídia normalmente não mostra – neste artigo quero compartilhar uma particularidade de Israel que boa parte do Ocidente desconhece: A generosidade do seu povo.

ISRAEL, UM PAÍS DE VOLUNTÁRIOS.

Em Israel, mais de 25% da população é voluntária regular nas mais diversas atividades filantrópicas. Este é um índice impressionante! Um país onde ¼ da sua população pensa de forma solidária é algo de fato incomum.

E, antes que alguém venha me dizer que esta solidariedade se dá apenas entre eles, judeus, destaco que as ações de Israel vão além do mero corporativismo entre irmãos. Este existe, é fato. Afinal de contas, uma das comunidades mais solidárias do mundo é a Comunidade Judaica. E este foi um dos esteios que permitiu a este povo atravessar dois milênios de tentativas de extermínio até chegar ao sonho de receber seu país de volta, em 1948.

A solidariedade judaica, entretanto, ultrapassa as fronteiras étnicas. Eu mesmo, durante anos, me acostumei a passar por uma avenida periférica de Fortaleza, no Ceará (Av. Perimetral), e ver, num dos cantos mais remotos, uma placa onde se lia: Fundo Comunitário. Tratava-se de um trabalho financiado com recursos de organizações judaicas. E isso em Fortaleza, uma cidade onde o número de judeus é insignificante. Na comunidade atendida então, o número de judeus é zero!

E por que eles estavam lá? Para explorar aqueles miseráveis? Não, eles estavam lá porque a prática deles ajudarem os pobres é milenar e está entranhada na cultura judaica. Não se trata de um modismo a que os judeus aderiram no rastro dos modernos movimentos das Organizações Não Governamentais. Na verdade, para sermos honestos com a história, quem inventou as ONGs foram os judeus.

Na Parashá Ki Tetsê da Torah judaica nós encontramos a seguinte orientação: “Quando vocês estiverem fazendo a colheita da sua lavoura e deixarem um feixe de trigo para trás, não voltem para apanhá-lo. Deixem-no para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva, para que O SENHOR, o seu D’us, os abençoe em todo o trabalho das suas mãos. Quando sacudirem as azeitonas das suas oliveiras, não voltem para colher o que ficar nos ramos. Deixem sobrar para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva. E quando colherem as uvas da sua vinha, não passem de novo por ela. Deixem o que sobrar para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva. Lembrem-se de que vocês foram escravos no Egito; por isso lhes ordeno que façam tudo isso.” (Deuteronômio 24.19-22).

O que pouca gente sabe é que, até hoje, esta prática é comum em Israel. A imagem do judeu avarento, apegado a cada centavo do que possuiu, desmorona-se quando conhecemos a realidade deste país.

Claro que os israelenses são trabalhadores incansáveis, inteligentes, sabem investir seus recursos, não sustentam vagabundos e nem rasgam dinheiro. Mas não venham me dizer que eles são aqueles mesquinhos, estereotipados por Hitler e sua propaganda anti-semita, pois isso eles não são.

ISRAEL, UM PAÍS DE TRADIÇÕES MILENARES.

Como já compartilhei com os leitores deste BLOG, para ir da minha casa para a cidade vizinha de Kfar Saba eu atravesso campos de morangos. Já para ir do lado norte para o sul da cidade eu costumo “cortar caminho” por campos de trigo. Hod HaSharon é um município onde campo e cidade se mescla.

Um dia desses, atravessando um campo de trigo recém colhido, apontei para meus filhos uma estreita fila de grãos que não fora colhida e lhes falei da tradição.

Hoje, já não temos mais uma legião de pobres a colher as sobras, conforme registrado no Livro de Rute. Quem se regala com as sobras do trigo são os pássaros. Aliás, vejam outro exemplo.

Na região da Baixa Galiléia havia no passado um imenso pântano. Este pântano surgiu durante os séculos de desleixo em que a região ficou sobre domínio turco-otomano.

Depois que Israel reconquistou sua Terra, os judeus usaram o plantio de eucaliptos para ajudar na drenagem dos pântanos. Como estas árvores sugam a água em sua volta de forma mais intensa do que outras árvores, acabaram secando o pântano e transformaram a região num celeiro produtor de grãos.

O problema é que as árvores do pântano eram de certa forma, frutíferas e, por isso, serviam de “restaurante” para as aves migratórias que todos os anos passavam por ali.

Sem pântano, sem árvores, sem alimentos. Com isso, a população de pássaros da região sofreu drástica redução, ameaçando o equilíbrio do ecossistema. E como Israel resolveu este problema? Com a milenar prática de “deixar as sobras”. E desta vez, não para os estrangeiros, para os órfãos ou para as viúvas. Mas sim, para os pássaros. Hoje, uma parte da safra na região da Baixa Galiléia é deixada para que as aves migratórias possam se alimentar no seu trajeto.

Podemos dizer, então, que além de criarem as ONGs, os judeus se anteciparam também aos Greens Peaces e WWFs no cuidado com a natureza. Isso sem contar a fantástica história da KKL que, oportunamente, será objeto de uma matéria específica aqui neste BLOG.

Esta história das sobras de colheitas deixadas para os pássaros é outra coisa maravilhosa desta nação e deste povo que sobre a qual a mídia dificilmente fala.

UMA EXPERIÊNCIA PESSOAL EM ISRAEL.

Bem, meus filhos não são órfãos nem tampouco sou viúvo. Mas nossa família é estrangeira em Israel. E como estrangeiros tivemos uma experiência maravilhosa um dia desses.

Como já disse, moramos entre campos de morangos. E a safra desta fruta está chegando ao fim. O que acontece então? Os produtores franqueiam suas plantações para que todos possam colher à vontade!
Nesta região de Israel os campos de morangos não são fechados. E mesmo abertos, sem vigilância nem cercas elétricas, ninguém colhe os frutos sem pagá-los. Seria roubo. Mas, com os campos “abertos” para a “colheita social”, seus canteiros são tomados por casais, jovens e, principalmente, crianças.

Foi então, na condição de “estrangeiro”, que eu revivi uma cena bíblica em plena Judéia. E gostaria de compartilhar com vocês algumas fotos que tirei e uma filmagem que fiz desta que é uma das mais milenares tradições judaicas. E uma das menos conhecidas no mundo.

Com vocês, “Estrangeiros no Campo de Morangos!”

Campo de morangos, aberto e intocável: Propriedade Particular.

Depois que os trabalhadores terminam o ciclo das colheitas...

... os campos são franqueados para que se colham as sobras.

Tradição bíblica que as Ruths de hoje passam para as Ruths de amanhã

E que ainda encanta os Estrangeiros.

ASSISTA NESTE VÍDEO AS PESSOAS SE DELICIANDO COM A COLHEITA!

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