NATAL?

SOBRE A ORIGEM E A COMEMORAÇÃO DO NATAL

Imaginem um palmeirense vestido de preto e branco, indo até um shopping em um carro rubro-negro comprar a camisa do Rogério Ceni para o filho caçula que usa o mesmo corte de cabelo do… Neymar. Nada a ver com nada. Podemos dizer que este sujeito é no máximo um bom esportista, mas nunca um palmeirense. Palmeirense que se preza veste-se de verde, procura ter carro branco e defende o goleiro Marcos como o melhor do mundo. Se for fanático mesmo, muda-se para a Casa Verde só para ter endereço personalizado.

Da mesma forma que amalgamar símbolos contraditórios desqualifica um torcedor, ostentar meia dúzia de símbolos e práticas religiosas não transforma ninguém em fiel.

No dia em que a “cristandade” supostamente comemora o nascimento do fundador do cristianismo, não há nada mais anticristão do que a maioria das práticas que vemos por aí. Recentemente publiquei um texto sobre Chanukah e recebi de um bom amigo a seguinte reprimenda: “Peço que não te esqueças de quem somos e de onde viemos”.

Perfeito! É justamente isso que procuramos fazer neste blog. Nós somos herdeiros de uma “morashá”, uma “herança espiritual” ímpar na história da humanidade. Nós somos herdeiros da fé do Povo do Livro, os Judeus. E foi o próprio instaurador do Cristianismo, Yeshua, quem o afirmou quando disse em Mattityahu (Mateus) 5.17 a 20: “Não pensem que vim abolir a Torah e os Profetas. Não vim abolir, mas completar. Sim, é verdade! Digo a vocês: até que os céus e a terra passem, nem mesmo um yud ou um traço passará da Torá – não até que todas as coisas que precisam acontecer tenham acontecido. Portanto todo o que desobedecer à menor destas mitzvot e ensinar outras pessoas a agirem da mesma forma será chamado ‘menor’ no Reino do Céu. Mas quem obedecer a elas e ensinar dessa forma será chamado ‘maior’ no Reino do Céu. Pois eu lhes digo: a menos que a justiça de vocês seja muito maior que a dos mestres da Torah e dos p’rushim, não entrarão no Reino do Céu!”

O texto do Brit Hadasha (Novo Testamento), escrito de forma aculturada pelo biblicista judeu David Stern, nos lembra que Yeshua (Jesus) nasceu Judeu, viveu Judeu e morreu Judeu. Num contexto judaico viveu o judaísmo e provou, com Sua vida, que todos os sinais messiânicos registrados no Tanakh (Antigo Testamento) apontavam para Ele. Descolar o Brit Hadasha do Tanakh é uma das maiores fraudes da história da humanidade e foi perpetrada por uma religião chamada Romanismo. Embora tenha muitos elementos do Cristianismo em seus ritos e práticas, tal qual o torcedor do início deste texto, o Romanismo pode ser qualquer coisa, menos Cristianismo.

Um velho hino Romano diz: “O Antigo Testamento deu ao Novo [Testamento] seu lugar”. Nada mais anti-bíblico, nada mais anticristão, nada mais Romano.

No dia em que a Cristandade, seja ela bíblica ou romanizada, comemora o nascimento de Yeshua, nada mais apropriado do que a advertência (mesmo que atravessada) do meu amigo: “Não nos esqueçamos de quem somos e de onde viemos”. Da mesma forma que cruz, paramentos e batismo de crianças não têm nada a ver com cristianismo, presépios, árvores e trocas de presentes também não. É tudo invenção romana, fundamentada na maioria das vezes em práticas pagãs abomináveis. A começar pela data, que pode ser tudo, menos o “dia do aniversário” de Yeshua.

Nem mesmo Miryam e Yosef (Maria e José) comemoraram o aniversário de Yeshua. Não era prática judaica. Tampouco comemoraram seus Talmidim (Discípulos), não há registro nenhum desta festa nos evangelhos nem na história da igreja primitiva. Mas, já naquele tempo comemorava-se o Natal. E justamente no dia 25 de Dezembro.

Aquilo que hoje chamamos de Natal era uma das 72 festas do calendário pagão do Império Romano que envolviam 134 dias de celebrações, razão pela qual o Império ficou conhecido pela política do “Pão e Circo”. Na época de Yeshua e dos primeiros Cristãos, o 25 de dezembro era um importante feriado em homenagem ao Deus Sol Invictus, um título religioso aplicado a três divindades do Império. Na época, o culto preferido dos romanos era o destinado ao Sol Indiges (Sol da Terra), pois reverenciava um deus protetor da Agricultura, tema muito mais agradável aos pobres do que o do deus Sol Invictus, que era voltado para a reverência ao Imperador, cujo título era Pius Felix Invictus (Piedoso, Feliz, Invencível). Nada mais pagão, nada mais anticristão.

Coube ao Imperador Heliogabalo a projeção do dia 25 como feriado destacado, isso porque desejava ele que o deus Ehlegabalo Sol Invictus alcançasse o status de divindade maior. Com sua morte, em 222 d.C., o culto esvaneceu-se voltando a ser importante quase meio século depois, quando em 270 d.C. o Imperador Aureliano deu ao culto um caráter oficial.

Base do paganismo oficial, o culto manteve-se assim, apenas pagão, até a chegada ao poder de um jovem imperador chamado Constantino em 25 de julho de 306. Seis anos depois, em 28 de outubro de 312, Constantino venceu a famosa Batalha da Ponte Mílvio, nas cercanias de Roma e assumiu, de forma dúbia, um cristianismo entremeado de paganismo. Dois meses depois, a “Cristandade Oficial do Estado” celebrava pela primeira vez a festa ao deus Sol Invictus sob outra perspectiva. E como Constantino tinha este deus como parte da sua cunhagem oficial, na verdade quem foi reverenciado no “Primeiro Natal” foi nada mais nada menos que o Imperador Constantino.

Em resumo: O Dia de Natal é uma festa Romana e só passou a ser praticada pelos “cristãos” mais de 300 anos depois do nascimento de Yeshua.

O que fazer então neste período em que nos vemos envolvidos com mensagens “natalinas” por todos os lados? Como lidar com o onipotente “Natal” que nos cerca? Como não ser desagradáveis com tantas pessoas que sinceramente nos desejam “Feliz Natal” achando que estão a celebrar uma data cristã?

De um velho pregador norte-americano aprendi uma boa lição. Ele confidenciou que já ouviu diversas coisas a respeito do Natal. Algumas, baseadas em óbvias referências bíblicas e outras nas mais estapafúrdias explicações supostamente “teológicas”.

Quando perguntam o porquê das luzes a iluminar as casas, ele aproveita para falar a Festa do Hanukkah, a Festa das Luzes, que foi comemorada por Yeshua e registrada em Yochanan (João) 10.22,23: “Chegou o tempo de Hanukkah, em Yerushalayim. Era inverno, e Yeshua estava andando na área do Templo, caminhando pela Colunata de Sh’lomoh”.

Quando dizem que a formação triangular das árvores de Natal aponta para a Trindade, ele sabe que isso não tem nada a ver, mas aproveita o gancho para dizer que o próprio Yeshua apresentou-se como parte da Trindade. Em Yochanan 8.57 e 58 quando os habitantes de Y’hudah perguntaram: “Você ainda não tem cinqüenta anos e viu Avraham?”, Yeshua lhes respondeu: “Na verdade, antes de Avraham nascer, EU SOU!”

Quando dizem que o nariz vermelho da rena Rodolfo representa o Sangue de Cristo, ele sabe que está diante de uma besteira enorme, mas aproveita para mostrar que o Mashiach dos Judeus é também o Salvador de toda a humanidade. E Ele mesmo assegurou em Yochanan 3.16 que HaShem “amou ao mundo de tal maneira, que deu seu Filho único para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Nesta noite, ao me dirigir para a Kehilat (Congregação) onde me reúno com outros verdadeiros cristãos, eu e minha família passaremos por centenas de casas iluminadas e nos depararemos com árvores decoradas e papais-noéis dependurados nas paredes das casas. Para nós isso não representa nada. Na Kehilat cantaremos louvores ao D’us que “se fez carne, e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” (Yochanan 1.14). Cantaremos louvores como fazemos todas as vezes em que lá estamos. Seja num domingo qualquer do ano, ou num Shabat especial como este, dia 25 de Dezembro de 2010.

UM VÍDEO ESPECIAL, UMA MENSAGEM ESPECIAL.

Encontrei um belo filme na Internet. Aparentemente, um grupo de coralistas promoveu um flash mob na praça de alimentação de um shopping. Para quem não conhece o termo, flash mob, são encontros públicos, combinados via Internet. Um grupo de desconhecidos combina um local, uma data e uma hora específica e começam a executar alguma ação, que pode ser uma dança, um encenação ou, como neste caso, uma apresentação musical.

A idéia do flash mob que compartilho com vocês é maravilhosa! Na praça de alimentação de um shopping center, templo moderno do deus “consumo”, dezenas de pessoas levantam suas vozes para cantar Aleluias ao Rei dos Reis.

Aproveitando o momento em que o mundo civilizado relembra o nascimento do Mashiach, lanço mão destas imagens maravilhosas para alegrar-me juntamente com os leitores do Blog Notícias de Sião: ALELUIA!

3 comentários sobre “NATAL?

  1. O CORAL CRISTO É VIDA fez algo parecido…. fomos convidados pra cantar no North Shopping, perto da “árvore de natal’ e do “Papai Noel”….mas os organizadores não esperavam que o Coral cantasse que o real motivo da festa é Cristo… e nada daquilo nem do consumismo de Shoppings….. cantamos ” É JESUS O REAL MOTIVO PRA COMEMORAR POIS VEIO MOSTRAR O AMOR VERDEIRO…”e mais 10 música com o mesmo enredo…. e ainda distribuímos, tb pra surpresa dos gerentes, 800 livros contendo o evangelho de João… isso foi comemorar o “Natal” da maneira mais verdadeira que existe…..
    Lucy

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  2. Valeu irmão Roberto, me fez lembrar o texto do Salmos 46:10 que diz: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou D’us; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra”. Realmente os (nós) gentios tem o privilégio de louvar o Eterno não só nestes dias conforme vemos no vídeo, mas todos os dias do ano. “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor”
    (Lucas 2:14)

    Shalom!

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